domingo, 11 de maio de 2014

POR QUE REENCARNAMOS? – A Lei de Progresso.

O princípio da reencarnação é uma consequência necessária da Lei de Progresso. A união com a matéria é útil ao progresso da criatura, não sendo a encarnação uma punição, mas uma condição inerente à inferioridade do espírito, e um meio que ele dispõe para progredir. É difícil viver na matéria densa? Sim, mas uma dificuldade decorrente da necessidade de evoluir; porém, a encarnação não é apenas expor o homem à matéria, ela é elaborada pela sabedoria divina sob os cuidados de Jesus e sua equipe de espíritos, aptos a promoverem toda a assessoria, cumprindo a Lei de Amor.
"Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus"(João 3:3) - Jesus.
O it.133 de O Livro dos Espíritos no cap.II, não deixa dúvidas e está em concordância com a citação de Jesus:
"Os espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem, têm necessidade da encarnação?
Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e tribulações da vida corporal".
Portanto, mesmo aquele que sempre permanece na prática do bem, ainda assim necessitará da reencarnação para seu aperfeiçoamento. É um processo natural a que todos passarão.

Mas à medida que a criatura progride moralmente, desmaterializa-se; e espiritualizando-se, suas faculdades e sua percepção se ampliam. Pelo trabalho inteligente que o espírito opera sobre a matéria, em sua própria vantagem, ele auxilia a transformação e o progresso material do planeta que habita; e progredindo ele auxilia a obra do Criador. A necessidade de encarnação em um corpo material cessa para o espírito quando já não lhes é mais útil para a aquisição de novos conhecimentos, e passa a viver exclusivamente na vida espiritual, na qual progride mediante outros meios (A Gênese, cap.XI).
E em O Evangelho Segundo o Espiritismo no cap.IV, it.25, mais uma vez encontramos uma correlação ligando o trabalho na vida material e o desenvolvimento intelectual:
"(A encarnação) é necessária, porque a atividade que aí são forçados a desenvolver, com a ajuda de uma ação material, lhes auxilia o desenvolvimento da inteligência. (...) Os que fizerem mau uso da liberdade, (...) podem prolongar indefinidamente a necessidade de se reencarnarem, e então é que a encarnação se converte em castigo".
Neste post aqui vimos que a reencarnação dá entendimento a respeito da justiça divina a qual Deus criou a todos com um mesmo ponto de partida; e mediante encarnações sucessivas a criatura evolui para o estágio de humanidade, ou seja, ao ponto onde é dotada de senso moral e livre-arbítrio, e começa assim, a incorrer na responsabilidade de seus atos. Nesse estágio, adquire a percepção do seu próprio pensamento, torna-se um espírito consciente de si e de seu futuro, passa a agir segundo seu livre-arbítrio, e pode escolher livremente entre o bem e o mal, pode tomar boas ou más decisões, e a elas terá que responder à sua própria consciência.

Mas, uma vez atingido a condição de ser humano, por que a criatura ainda teria de reencarnar inúmeras vezes? Ocorre que a imensa maioria dos seres humanos não pautam suas vidas na prática exclusiva do bem, não utilizando beneficamente a liberdade que advém do livre-arbítrio. As tribulações começam quando esta livre escolha não leva em consideração as Leis de Deus, e as reencarnações vão se prolongando. O menor desvio das Leis de Deus já qualifica a prática do mal (em maior ou menor grau) gerando situações mal resolvidas que vão amontoando, entulhando-se na alma; fixando-se na mente culpada, magoada, e é na encarnação (quase sempre sofrida) que se consegue resolvê-las e aplacar a consciência.

Chega um momento na espiritualidade em que estas situações difíceis tomam uma proporção tal que a mente fixa-se a uma ideia-central da qual o indivíduo não consegue se desvencilhar por si só, impedindo o prosseguimento de sua evolução. Essa ideia-central pode ter sua origem em um trauma não superado, na lembrança de um mal sofrido ou praticado, pode estar direcionada a uma ou mais pessoas, e nos vícios.
A consequência disso é que o indivíduo passa a ter sua consciência acusada a todo instante, tudo gira em torno de um único pensamento que comanda a sua vontade, tornando a existência insuportável. 
Vejamos dois trechos do livro E a Vida Continua... de André Luiz:
Pág. 53- “A sua existência se torna um pesado fardo para conduzir, um tormento mental e conflitivo na consciência entenebrecida”.
Pág. 134- “Apático, denunciava na mente uma ideia central: Evelina. E com Evelina no miolo das mais profundas cogitações, vinham as idéias-satélites: o anseio (...) o desejo de vingança e as escuras alusões de auto-piedade (...) Túlio (...) não reagira (...) mostrava-se abúlico, embutido nas fantasias (...) Forçoso envidarmos esforços para que aceite, (...) a miniaturização (reencarnação)”.
Quando encarnado, o indivíduo possui responsabilidades – como garantir o sustento da família, ou cuidar de seu corpo físico, enfim, lidar com os afazeres materiais – que fazem, ainda que por breves instantes, desviar seus pensamentos de suas cristalizações mentais. Os impedimentos que a matéria apresenta, os afazeres terrenos, o forçam a tomar certas atitudes, pois caso contrário o indivíduo passará por privações, ou adoecerá. Assim, fica mais fácil o seu desenvolvimento e a sua educação mental. Mas quando desencarnado, não há a necessidade de se preocupar com tais responsabilidades, e ele pode se manter em tempo integral e indefinido fixo à sua ideia-central, em estado de inércia.

No mundo espiritual tudo é mais facilmente construído pelo pensamento, os recursos são ilimitados. O uso desses recursos limita-se apenas à capacidade mental de cada ser, assim, o conceito de propriedade se confunde; a vida no mundo material é necessária para desenvolver o conceito de partilha. 

Deduzimos o quanto é fácil na espiritualidade tornar-se ocioso. A verdadeira vida é no mundo espiritual, mas é na vida corpórea que consolidamos em nós o hábito ao trabalho árduo.

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